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FUNDAMENTALISMO DE GÉNERO

Amigos/as,
quero abordar este tema, cuja forma como possamos lidar com ele eu considero poder até vir a ser definidor do nosso desenvolvimento enquanto civilização.

Não posso deixar de exteriorizar a minha posição pessoal: numa sociedade civilizada e moderna, devemos caminhar sempre na melhoria da igualdade de género e de oportunidades.

Essa evolução civilizacional é fundamental para que a nossa sociedade seja cada vez mais inclusiva, aberta e tolerante.
Dito isto, quero deixar claro que sou contra todo e qualquer fundamentalismo, incluindo aquele que pretende "forçar" uma igualdade de género artificialmente. A promoção da igualdade de género tem de ser progressiva e entrosada com a vontade geral da sociedade. Devemos caminhar em frente, com passos pequenos mas firmes, sob pena de, mais à frente, deitarmos a perder "supostos" avanços civilizacionais que não eram mais do que medidas impostas à força.

Aqui chegado, deixo as minhas reflexões sobre a temática em causa:
- A Escola deve sempre ser um espaço de isenção, por isso tem de valorizar de igual forma a opinião de quem concorda e quem discorda;
- A Escola deve ser um espaço laico, não aceitando dogmas nem preconceitos de qualquer religião;
- A Escola deve ser um espaço tolerante, não aceitando intolerância de género nem promovendo fundamentalismos de género;
- A Escola deve ser um espaço de liberdade individual, onde qualquer criança ou jovem se sinta confortável e protegido/a;
- A Escola deve ser um espaço de cidadania, onde as crianças conheçam a realidade e as possibilidades de escolha, mas aprendam a decidir por si próprias;
- A Escola deve ser um espaço de reflexão livre, onde os problemas da sociedade sejam abordados, em todos os seus prismas, sem preconceitos e sem forçar opiniões próprias dos docentes;
- A Escola deve ser um espaço político mas sem partidos, o que significa ensinar as crianças e jovens a estar em sociedade e a saber ter opinião política, o que é bem diferente de ter opinião partidária.

O despacho agora publicado, na minha opinião, "força a barra" apenas numa situação: a questão dos balneários e das casas de banho.
Uma das muitas perguntas que se colocam poderia ser: "Quero a minha filha a partilhar um espaço com um rapaz, só porque agora alguém diz que ele também é menina"?

Não sei dar uma resposta cabal, mas estou disposto a contribuir para a reflexão.

Da mesma forma como defendo o direito de quem não se sente representado pelo seu género biológico (quer a criança/jovem, quer a família), naturalmente também defendo o direito de quem se sente representado pelo seu género biológico (novamente quer a criança/jovem, quer a família). Por isso, a opinião de um encarregado de educação de uma jovem de 11 anos que não a quer ver no mesmo WC ou balneário com jovens biologicamente masculinos tem de ser respeitada, quanto mais não seja pelo respeito que é devido à educação religiosa e/ou familiar.

Saltando a parte em que este processo nunca seria assim linear, mas sim acompanhado e validado por profissionais habilitados; passando por alto a minha opinião pessoal sobre o assunto; acho que, como sempre, o bom senso e a racionalidade podem dar contributos mais assertivos que a histeria e o fundamentalismo.
Por exemplo, se a escola tiver possibilidade, porque não transformar uma das muitas casas de banho num WC misto, disponível para qualquer criança ou jovem que não identifique com o seu género biológico?
Se uma criança ou jovem não se sente confortável no balneário do seu género biológico e a escola não tem condições para disponibilizar um balneário para estes casos, porque não permitir a essas crianças/jovens o acesso mais precoce ao balneário do seu género?

Na prática, quis apenas demonstrar que, com bom senso e com racionalidade, é possível encontrar soluções que não sejam fundamentalistas.

Temos um dos melhores sistemas de ensino do mundo. Não o deitemos a perder com fundamentalismos mas continuemos a evoluir na direcção certa.

Espero ter ajudado na reflexão.

Vasco Lopes
"porque dar milho aos pardais fará sempre alguém feliz"

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